recorde de emissão, a SulAmérica Investimentos decidiu criar um fundo que investe nesses ativos e listá-lo na B3. A gestora prepara para o início de novembro a estreia do SulAmérica Infra CDI (SUIN11) na Bolsa. O SUIN11 é um fundo de investimento em cotas, ou seja, vai investir em outros fundos de infra.
Em entrevista ao InfoMoney, Marcelo Mello, CEO da SulAmérica Vida, Previdência e Investimentos, conta que a ideia de listar um fundo na Bolsa surgiu a partir da “tradição no mercado de infraestrutura” construída pela gestora, que tem R$ 30 bilhões dos R$ 89 bilhões que administra em estratégias de crédito.
A listagem na B3 vem para ofertar um produto de infraestrutura a mais investidores, segundo Mello: “já temos um patrimônio relevante de cerca de R$ 1,4 bilhão em fundos de infraestrutura, mas sempre em modelos tradicionais, queríamos levar essa tradição em infraestrutura para um público mais amplo e a melhor forma de fazer isto é através da listagem”.
A oferta inicial é de R$ 400 milhões com cotas a R$ 102,82. O investimento mínimo é de 10 cotas e há taxa de administração de 0,9% ao ano.
A SulAmérica se especializou em ativos high grade. Logo, o SUIN11 vai investir em fundos que compram esses papéis que têm classificação alta de crédito, mas entregam taxas menores. O objetivo da gestão é entregar ao investidor CDI + 0,5% ao ano líquido de Imposto de Renda com distribuição mensal de dividendos. Atualmente, esse retorno equivale a uma taxa de 17,3% ao ano em ativos prefixados tributados.
À espera de abertura nos spreads
A meta de CDI + 0,5% ao ano passa a ser perseguida em um ambiente de prêmios comprimidos, especialmente nos ativos high grade, onde algumas emissões vieram com spread negativo (com taxas abaixo do Tesouro IPCA+) recentemente.
Para Mello, porém, isto representa uma oportunidade. O executivo lembra que os fundos de infraestrutura devem alocar pelo menos 80% em debêntures incentivadas, mas têm um prazo de dois anos para adequação. “Não precisamos fazer no D0 todas as alocações, podemos esperar uma reprecificação e comprar num nível de taxa maior do que estamos vendo hoje”.
Se o fundo tivesse início imediato, a alocação prioritária do SUIN11 estaria em ativos mais curtos e dentro do setor de energia, mas “tudo pode mudar até o início de novembro”. Enquanto os spreads estão comprimidos, a gestão pode optar por manter nível de caixa elevado ou procurar “outros ativos com níveis de taxas superiores”. Mello diz que a gestora está “muito confortável em usar CDI + 0,5% como meta para o investidor”.
Olhando para o longo prazo, o CEO diz que ainda há carência grande de investimentos em áreas como telecomunicações, energia e saneamento nos próximos 10 anos e mesmo com recorde de emissões de debêntures incentivadas, o mercado de capitais seguirá crescendo para atender essa demanda. “Achamos que não vai faltar ativo para alocarmos”.
A tão comentada reprecificação dos ativos de crédito privado não tem data para acontecer, mas deve ocorrer por motivos técnicos, projeta Marcelo Mello: “o mercado vai enxergar que taxas já estão deprimidas e pedir mais prêmio nas próximas emissões, que servirão como referência para as seguintes”. Fatores macroeconômicos e de equilíbrio entre oferta e demanda não devem causar abertura relevante nos spreads: “me parece estar equilibrado”.
Queda da Selic e demanda por crédito privado
O mercado espera o início de um ciclo de afrouxamento monetário que vai reduzir os juros básicos a 12,25% ao fim de 2026, segundo o Boletim Focus. Na SulAmérica, a expectativa de Selic terminal para o ano que vem é de 12% ao ano.
Questionado sobre uma possível redução de demanda por ativos de crédito privado motivada pela queda da Selic, Mello se diz confiante na atratividade das debêntures de infraestrutura: “é quando a Selic diminui que o investidor busca retornos mais elevados para compensar a redução dos juros”.
Nesse cenário, a demanda por fundos de infraestrutura pode até subir, segundo o executivo. Portanto, em sua visão, tanto demanda como oferta de debêntures incentivadas seguirão fortes em 2026.
Entre os setores que costumam emitir debêntures incentivadas, o de telecomunicações é o que “talvez tenha menos possibilidades por contar com poucos players, já consolidados”, diz Mello. No entanto, ele afirma que a gestora olha mais para as empresas e projetos do que para os setores.
No saneamento básico, ele vê “muita coisa para ser feita” após o marco legal do setor. Em ferrovias e rodovias, “também há pipeline muito grande na comparação com outros grandes países, como a Índia”. Já o setor de gás natural também tem “projetos interessantes, mais longos, com toda a discussão sobre matriz energética”.
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