1. Previdência privada só serve para quem não contribui com o INSS
Mito. Segundo os especialistas, a previdência privada é complementar, e não substituta da previdência pública paga pelo INSS (Instituto Nacional de Seguro Social). Ou seja, quem já contribui com o INSS, também pode criar um fundo de previdência privada.
“O INSS garante uma cobertura básica, mas limitada, hoje o teto do benefício está em torno de R$ 8.157, segundo o Ministério da Previdência”, diz Marcelo Biasoli, CEO da 123Seguro.
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Segundo Estevão Scripilliti, diretor na Bradesco Vida e Previdência, o benefício público garante uma base de renda, mas não garante a manutenção do padrão de vida após a aposentadoria.
“A previdência privada funciona como um reforço, ajudando a compor uma reserva capaz de trazer mais tranquilidade financeira no futuro”, explica Scripilliti.
2. Só é possível ter um plano de previdência
Mito. Assim como você pode ter mais de um seguro, também é possível ter mais de um plano de previdência.
“Você pode ter quantos planos desejar, inclusive em instituições diferentes, para objetivos específicos, facilitando o planejamento familiar”, afirma Scripilliti.
Valter Notz, diretor de Seguros e Consórcios da Genial Investimentos, explica que muita gente combina as duas modalidade de previdência disponíveis — o PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) e o VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) — para aproveitar benefícios fiscais e estratégias complementares.
Segundo Notz, o PGBL é indicado para quem faz a declaração completa do Imposto de Renda (IR) e pode deduzir até 12% da renda tributável, oferecendo benefícios fiscais e uma gestão conservadora, com foco em ativos de renda fixa.
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Já o VGBL é uma opção mais flexível, para quem faz a declaração simplificada do IR. Ele não tem benefício de dedução na declaração de IR, pois a tributação ocorre apenas sobre os rendimentos no resgate. Além disso, permite maior diversificação de investimentos, incluindo ativos de renda variável, e é mais adequado para quem busca resgates em médio prazo ou deseja uma gestão mais diversificada.
“O PGBL é uma excelente escolha para quem busca benefícios fiscais e uma estratégia conservadora, enquanto o VGBL é mais indicado para quem deseja maior flexibilidade e uma tributação mais favorável na saída”, explica Notz.
A decisão entre um e outro deve considerar o perfil tributário do investidor e seus objetivos financeiros.
3. Planos de previdência privada são muito caros e indicados para pessoas de alta renda
Mito. Muitos ainda acreditam que é preciso aplicar grandes quantias, mas o segredo está na constância e na disciplina, segundo Scripilliti. Ele explica que a previdência privada foi desenvolvida para atender diferentes perfis e objetivos, permitindo que cada pessoa escolha o tipo de plano e o valor de contribuição mais adequados à sua realidade.
“Hoje, é possível começar a investir em previdência com valores acessíveis, a partir de R$ 50 por mês ”
Os especialistas concordam que o mercado está mais democrático, com planos acessíveis e digitais, e afirmam que, mais importante do que aplicar grandes quantias por mês, é a regularidade dos aportes, que podem ser pequenas e gerar resultados significativos a longo prazo devido aos juros compostos.
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4. Previdência privada é um investimento exclusivo para a aposentadoria
Mito. Embora seja amplamente usada para esse fim, a previdência privada é um instrumento extremamente versátil e que pode ser direcionado para muitas outras metas e objetivos.
“Pode ser usada para pagar uma pós-graduação, financiar um intercâmbio, iniciar um empreendimento ou até fazer uma transição de carreira, além de programar uma fase de desacumulação mais organizada”, afirma Scripilliti, da Bradesco.
Outros objetivos para a previdência incluem financiar estudos, comprar um imóvel, abrir um negócio ou empreender, além de possibilitar o planejamento sucessório, seja em vida ou após a morte.
5. Previdência privada é igual à poupança
Mito. As soluções financeiras são diferentes.
A poupança costuma ser usada para objetivos mais imediatos, como uma reserva de emergência, mas oferece rentabilidade limitada, diz Scripilliti. Já a previdência privada tem foco em acumular recursos ao longo do tempo, permitindo que o dinheiro cresça e se torne uma fonte de renda no futuro.
“Previdência não é poupança. A previdência tem gestão profissional e fundos variados para busca de melhor rentabilidade”, afirma Notz, da Genial Investimentos.
Além disso, segundo Biasoli, da 123Seguro, a poupança tem rendimento baixo.
“O rendimento atual da poupança é de aproximadamente 0,5% ao mês mais a TR [taxa referencial]”, diz, uma taxa que atualmente é muito baixa ou nula, o que faz com que o retorno total seja modesto.
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Esse rendimento dificilmente supera a inflação. Isso significa que, na prática, o dinheiro guardado na poupança perde poder de compra ao longo do tempo, apesar de parecer crescer nominalmente. Portanto, a poupança não é indicada para proteger o patrimônio contra a inflação ou para objetivos financeiros de longo prazo.
Já os planos de previdência oferecem diferentes opções de investimento, como fundos de renda fixa, multimercado, data alvo, ações, diversificação global e temáticos (ESG, imobiliário) com potencial de retorno superior.
“A previdência cria um comportamento financeiro mais saudável, porque incentiva a constância. Se a poupança é um cofre, a previdência é um plano de vida”, diz Biasoli.
6. Previdência privada só vale a pena quando se começa jovem
Mito. Começar cedo ajuda, dizem os especialistas, pois o tempo é o principal aliado dos juros compostos. Mas nunca é tarde para começar.
“Começar jovem é melhor pelo efeito dos juros compostos, mas a previdência não é só para jovens”, diz Notz.
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Segundo Scripilliti, o importante é dar o primeiro passo e manter o compromisso com o próprio planejamento financeiro.
“Quem começa mais tarde também pode se beneficiar, ajustando os valores e prazos de acordo com seus objetivos. Em qualquer idade, o produto oferece segurança, benefícios fiscais e a possibilidade de alcançar metas com autonomia”, afirma.
Biasoli concorda com ele. “Mesmo quem está mais próximo da aposentadoria pode usar a previdência como ferramenta de planejamento sucessório e organização patrimonial”, diz.
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