Houve um tempo, não muito distante, em que o mantra do ecossistema de inovação era um só: crescer, crescer e crescer. Dominar categorias, escalar de forma vertiginosa e capturar o mercado eram os objetivos, mesmo que isso significasse queimar rios de dinheiro. Era a era da abundância de capital, onde o crescimento agressivo era aplaudido. Mas o cenário mudou.
A partir de 2022, o chamado “inverno das startups” congelou o otimismo. Juros em alta, inflação global e um apetite por risco muito menor fizeram os investimentos despencarem. Na América Latina, a queda foi brutal: um recuo de 75% no capital aportado entre 2021 e 2023. A antiga fórmula de “crescer primeiro, lucrar depois” simplesmente parou de funcionar. Sobreviver exigiu uma nova mentalidade.
A velocidade ainda importa, mas a eficiência agora divide o trono. As startups que prosperam neste novo ambiente são aquelas obcecadas não apenas com a escala, mas com a sustentabilidade de sua jornada. As métricas que antes ficavam em segundo plano agora são protagonistas: Custo de Aquisição de Clientes (CAC), Lifetime Value (LTV), CAC Payback e, especialmente, o burn multiple — o indicador que revela o quão eficientemente a empresa transforma capital queimado em receita.
Nessa nova equação, a inteligência artificial surge não como uma solução mágica, mas como uma poderosa aliada. A IA não substitui o pensamento estratégico, mas o amplifica, otimizando processos e liberando o potencial humano para focar no que realmente importa: criar valor genuíno.
O ecossistema amadureceu à força. A lição aprendida foi valiosa: expandir de forma saudável é infinitamente superior a apenas expandir. As startups que nascem hoje já carregam esse DNA de resiliência e eficiência, com a oportunidade única de construir negócios mais robustos, duradouros e preparados para liderar o futuro, sem precisar “queimar a casa” para isso.