O morango se consagrou como a estrela da semana nas redes sociais após viralizar como o protagonista do doce “morango do amor“.
Com a moda, comerciantes e produtores de morango relataram à Dinheiro Rural um aumento na procura entre 50% a 70%, dependendo da região do país.
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Alexandre Dezoti, diretor da Bonafruta, empresa que comercializa seus produtos na Ceagesp em São Paulo, contou que as vendas de morango aumentaram 50% desde que o doce virou trend nas redes.
Com isso, o preço da caixa com 4 bandejas de morango, que era de R$ 30,00 no atacado, passou para R$ 50,00 (12,50 a bandeja), segundo Dezoti.
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De acordo com a Seção de Economia da Ceagesp, no início do mês o preço médio da caixa do morango era aproximadamente R$ 24,00.
“A procura aumentou muito e isso também eleva os preços, o morango mais procurado é o maior, já é uma variedade que tem menos volume”
O crescimento na procura é tanto, que em alguns lugares do país, como em Manaus, é possível encontrar comerciantes reservando previamente caixas de morango para os clientes. Por lá, foi registrada a caixa fechada sendo vendida a R$ 100,00 (R$ 25,00 a bandeja).
Produtor agradece
Rodinei Pereira, produtor de morangos em Estiva, sul de Minas Gerais, maior polo produtor de morangos do país, comemora o momento da fruta após safras complicadas.
“Nunca vi uma explosão como essa do morango do amor, vem em bom momento, porque nos últimos anos o clima não vinha ajudando. É uma produção que precisa de frio, estava muito quente, tem safra que não compensa nem embalar, investir em câmara fria pra congelar toda produção devido a custo, esse ano isso amenizou”, diz.
Ele conta que no ano passado, devido a uma produção muito baixa, não obteve lucro, apenas reinvestiu para continuar produzindo.
“Precisava dessa boa fase para me recuperar, o crescimento ultrapassou 50% nos últimos 15 dias, não tenho nem morango para atender a demanda”, diz Pereira.
Morango e o Brasil
O plantio da fruta no Brasil começou por volta da década de 1950, no sul do estado de Minas Gerais, com sua expansão como cultura iniciando-se apenas a partir da década de 1980.
A demora na introdução e popularização desse cultivo em comparação a outras frutas não é por acaso, pois o morangueiro precisa de calor para que sua folhagem se desenvolva bem e de frio para a diferenciação floral e a frutificação.
Contudo, o desenvolvimento de novas técnicas de produção permite sua disponibilidade o ano inteiro e seu cultivo em outras regiões do Brasil além de Sudeste e Sul.
“Fruta de rico”?
Em muitos lugares do país o morango não é das frutas mais acessíveis, muito disso se deve a seu preço. O engenheiro agrônomo e doutor em Ciências do Solo Valter Casarin elencou os motivos de o morango ter esse status:
- Alta perecibilidade: estraga rápido (cerca de 3 a 4 dias refrigerado), o que eleva custos de logística e armazenamento.
- Colheita manual delicada: exige mão de obra intensiva e qualificada.
- Baixa produtividade por área comparada a outras frutas.
- Produção concentrada: ocorre em áreas específicas (como Sul de Minas, interior de SP, PR), exigindo transporte até os grandes centros.
Até a prateleira
O tempo que o morango leva para chegar à prateleira (do campo até o ponto de venda) pode variar de 1 a 4 dias, dependendo da distância, sistema de distribuição e tipo de mercado. Como o morango é uma fruta altamente perecível, esse tempo precisa ser curto para garantir qualidade.
Exemplo prático:
- Produtor em Estiva (MG) → entrega na CEAGESP (SP)
- Colheita: segunda-feira às 5h
- Embalagem: até 10h
- Transporte: ainda na segunda
- Distribuição: terça-feira
- Prateleira: terça à tarde ou quarta de manhã
Tempo total: cerca 36 a 48 horas
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