Dores crônicas, cansaço constante, ansiedade e solidão. Nenhum desses sintomas surge do nada aos 60 anos. Segundo a geriatra Priscilla Mussi, coordenadora do serviço de Geriatria e do programa Cuidar+ do Hospital Santa Lúcia, em Brasília, a maneira como envelhecemos está diretamente ligada aos hábitos que cultivamos ainda na meia idade e principalmente aos que insistimos em manter.
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“Se você já vive uma vida ruim aos 40, imagine como será aos 60. O que começa com uma dorzinha hoje vira artrose, obesidade, depressão, um infarto amanhã. O corpo cobra”, afirma.
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Os 4 hábitos que sabotam o envelhecimento, segundo a médica
Alguns comportamentos aceleram o desgaste do corpo e da mente. E os mais perigosos, segundo a médica, são muito comuns:
- Sedentarismo: a falta de atividade física diminui a massa muscular e sobrecarrega articulações, ligamentos e até a saúde mental.
- Alimentação desequilibrada: dietas ricas em carboidratos e gorduras favorecem inflamações e doenças crônicas.
- Estresse e ruminação mental: viver em estado de constante insatisfação, mágoa ou ansiedade impacta diretamente o organismo e o cérebro.
- Isolamento social e rigidez mental: além dos hábitos físicos, o isolamento é um dos grandes vilões da saúde emocional e mental. “Ninguém é uma ilha. Ter rede de apoio, amigos, convívio é o que dá sentido à vida”, afirma a geriatra.
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Envelhecer bem exige esforços desde a juventude
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“Uma mente que vive murmurando, remoendo ressentimento, envelhece mal. É esse idoso que carrega dores, tem doenças e está sempre infeliz”, diz Mussi.
E quanto mais o tempo passa, mais difícil se torna mudar. A plasticidade cerebral diminui, e os hábitos antigos, mesmo ruins, se consolidam. “O cérebro vai ficando resistente. Por isso, o ideal é mudar agora. Não espere os 60 chegarem para decidir viver melhor.”
Quer mudar? Vá com ajuda e motivação
Apesar dos desafios, é possível reverter o rumo. Mas a motivação precisa vir de dentro — e ser reforçada com suporte.
“É difícil para um idoso começar atividade física sozinho. Com um personal trainer, é outra coisa. O mesmo vale para a alimentação com nutricionista, a cabeça com psicoterapia e até a mobilidade com fisioterapia”, diz.
O papel da família é fundamental nesse processo. “Se seu pai diz que quer mudar, você precisa correr e dar suporte: matricula na academia, arruma o personal, ajuda com tudo. Isso é cuidado real.”
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A fórmula da felicidade depois dos 60
Saúde física, clareza mental e vida social ativa. Esses são os três pilares e hábitos que sustentam um envelhecimento feliz, segundo a médica.
Idosos que conseguem se cuidar, resolver seus problemas e manter independência funcional vivem com mais autoestima. Os que ainda trabalham, têm propósito e recebem reconhecimento mantêm uma mente mais jovem.
E os que cultivam vínculos – na igreja, na academia, entre vizinhos ou amigos – adoecem menos. “Esses três pilares não só trazem felicidade. Eles também ajudam a evitar doenças como o Alzheimer”, reforça.
O futuro começa hoje
Aos 40, 45, 50 anos, já é hora de prestar atenção: dores frequentes, cansaço, tristeza constante, isolamento… são sinais de alerta.
Se o corpo já dá indícios de que algo está errado agora, esperar que tudo se resolva com o tempo é ilusão. “O envelhecimento é um processo, não um evento. E cada escolha hoje determina como você vai viver lá na frente”, finaliza Mussi.