O fenômeno Juliette Freire, que conquistou o Brasil ao vencer o Big Brother Brasil 21, segue marcando presença no cenário artístico e empresarial, quatro anos depois do reality show.
Além de advogada, maquiadora, cantora e apresentadora, Juliette é, desde 2022, parceira da fabricante de eletrodomésticos Mondial, atuando na linha de cuidados pessoais, várias áreas, como marketing, desenvolvimento de produto e até na área comercial. Hoje Juliette é sócia da empresa.
Em entrevista exclusiva ao InfoMoney, a vencedora do BBB-21 falou sobre a construção de sua marca pessoal, os desafios da fama e da posição de influenciadora, sua relação com as marcas parceiras e até compartilhou um de seus planos para o futuro: investir em uma marca de maquiagem.
“Nos primeiros anos eu não quis investir em nenhum negócio. Eu não sabia quanto eu iria ganhar. Esperei alguns anos. Agora já estou no passo de olhar para isso – e quero investir em uma marca de maquiagem. Sempre foi um dos meus maiores planos e a reserva também está contando com isso”.
Leia os principais trechos da entrevista a seguir:
InfoMoney: Juliette, você é responsável por um feito raro no Big Brother Brasil, um fenômeno que até hoje não se repetiu. Como foi o processo de criar e solidificar essa marca tão grande?
Juliette: Eu acredito muito na força da minha trajetória antes, durante e depois do BBB. Eu já cheguei lá com uma bagagem social, intelectual, uma consciência muito consolidada, que foi colocada à prova e ganhando o reconhecimento e a conexão do público de uma forma muito genuína.
Mas também tenho consciência 2021 foi um período onde a população estava de olhos e ouvidos abertos para valores, coisas mais complexas. E olharam para mim de uma forma mais interessada. Foi uma catarse social. Todo mundo que estava sofrendo de alguma forma, angustiado, se viu naquela edição.
Acredito que a conexão foi forte por tudo que aconteceu e, principalmente, pela forma como eu lidei quando saí, sempre sendo coerente com o que eu sempre fui.
InfoMoney: Quando você saiu do BBB, foi direto para a casa da Anitta, o que representa um grande privilégio, mas também traz pressão. Como isso pesou para sua carreira na música?
Juliette: Acho que ir para a casa da Anitta foi uma tranquilidade, não um peso. Eu já tinha essa admiração e sabia que ela já tinha passado por muitos desafios, o que me dava segurança e tranquilidade – afinal eu não tinha o mínimo conhecimento sobre o universo que estava entrando.
Em relação à pressão do público: senti, mas no lugar de uma responsabilidade. Depois do BBB, eu não era só Juliette filha, irmã, amiga. Me tornei uma pessoa que servia de exemplo para as pessoas que se espelham em mim. É uma carga de responsabilidade. Suas palavras têm outros pesos, seus propósitos, muitas coisas ganham uma proporção que pesa, mas não de maneira negativa.
Acho isso enriquecedor, porque você reflete mais sobre o coletivo. Não é só por mim, por fama ou dinheiro. É para o outro, para ser reflexo e inspirar, para fazer da forma que tem que ser feito e servir de exemplo. Mas foi bem difícil. Eu perdi várias partes de mim. Tive que aprender coisas novas e foi bem mais difícil do que eu esperava.
InfoMoney: Você tem participação societária na Mondial. Como é seu trabalho dentro da empresa?
Juliette: A Mondial está comigo desde que saí do reality. Antes eu tinha uma função de embaixadora, mas as relações foram se estreitando. O dono da Mondial, Giovanni Marins Cardoso, enxergou o interesse e sugeriu uma linha minha.
Eu trabalhei em salão a minha vida inteira. Minha mãe é cabeleireira e desde pequenininha eu sempre trabalhei no salão. Então eu sabia como tinha que ser o bico, o botão, o cabo, o jato de ar, o peso do secador, todo o design. Só fui materializando esse conhecimento no produto.
Hoje minha atuação abrange várias áreas, desde marketing, desenvolvimento de produto, até estratégias de vendas.
InfoMoney: Sobre as parcerias publicitárias com outras marcas, imagino que você receba muitas propostas, então como que você faz para filtrar?
Juliette: Eu busco conexão. Essa marca fala a minha linguagem? Os valores se alinham com os meus? O produto ou o serviço que ela traz vai fazer bem para o meu público? Tento entender a função, os valores e se conectam com os meus. Mas por incrível que pareça, eu disse muito mais “não” para marcas do que “sim”. Não vou me sentir confortável em fazer algo que não acredito. O que tenho de mais valioso é a conexão com o público e não vou quebrar essa confiança por dinheiro nenhum.
InfoMoney: Você já falou em outras entrevistas sobre a sua frequência de postagem em rede social. Você busca equilíbrio; não mostra tudo da sua vida pessoal – ainda que essa seja uma prática que muitas vezes é exigida de influenciadores. Então, como você se entende hoje? Além de cantora e apresentadora você se entende como influencer?
Juliette: Também. Acho que todos que estamos expostos de alguma forma somos influenciadores. Influenciamos um público, independente de número de seguidores ou de posicionamento.
Tento equilibrar as postagens, porque isso requer muito esforço psicológico e físico. Mas não acredito que esse modelo de excesso de postagem, de overdose de conteúdo se sustente a longo prazo.
InfoMoney: Você também já falou que não toma decisões quando não está bem, nem diz “sim” e nem “não”. Isso já te prejudicou de alguma forma?
Juliette: É, depende do que você considera prejudicar. Mas perdi oportunidades por essa escolha. Acho que é uma escolha. Eu não gosto de tomar decisões quando eu não estou bem ou não tenho certeza. Se tenho dúvida, já recuo. Isso me fez oportunidades e já me arrependi algumas vezes. A dinâmica de hoje é muito veloz e às vezes as oportunidades não esperam mesmo – mesmo sendo uma boa oportunidade. A gente tem que entender que são escolhas. Mas não acho que foi prejuízo. Acho que eu ganhei muito mais do que perdi com isso.
Esses dias, numa reunião com a marca nova, o executivo disse que estava ali por isso [característica de não decidir sem tempo para pensar]. Então as marcas reconhecem e valorizam isso, entendem que é responsabilidade.
InfoMoney: E como você aprendeu a organizar suas finanças pessoais e os seus projetos? Você gosta de participar das decisões ou prefere deixar nas mãos de especialistas?
Juliette: Eu não sou uma especialista e tampouco estudiosa. Sempre fui uma pessoa muito econômica. Gasto o mínimo possível e acumulo o que eu puder, principalmente em relação a gastos comigo mesma – com família ou trabalho já sou mais aberta. Tenho financeiro, investidor, equipe, sócios que fazem isso de uma forma mais direcionada, mas fiscalizo tudo, junto a um jurídico de confiança. Mas, em termos de investimento, sou super conservadora ainda.
Nos primeiros anos eu não quis investir em nenhum negócio. Eu não sabia quanto eu iria ganhar. Esperei alguns anos. Agora já estou no passo de olhar para isso – e quero investir em uma marca de maquiagem. Sempre foi um dos meus maiores planos e a reserva também está contando com isso.
InfoMoney: Você ajudou seus irmãos com casa, carro e ainda custeia os estudos de alguns sobrinhos que moram com você no Rio de Janeiro. Você consegue identificar quando o suporte financeiro está excedendo um pouco a sua capacidade? Você tem esse filtro?
Juliette: Sempre fui essa pessoa de apoio para minha família antes de ter dinheiro. Após o reality eu fiz um plano de uma janela de tempo onde eu iria fornecer o básico – moradia, saúde e educação, as melhores possíveis. Isso não é luxo, é dignidade.
São muitas pessoas na minha família. Tenho quatro irmãos, três casados; sete sobrinhos, um pai e uma mãe, então é complicado. Mas minha família é muito consciente.
Eu também calculei um tempo: a geração dos meus sobrinhos, eles vão ter 100%, saúde, educação, Mas assim que se formarem na faculdade e eles vão ajudar a família. Eu quero quebrar o ciclo. Eu quebrei o ciclo da minha geração. Fui a única dos meus irmão a fazer faculdade. E agora, os meus sobrinhos.
InfoMoney: Você acha que hoje em dia faz sentido entrar em um reality? Acha que o que aconteceu com você pode se repetir?
Juliette: Acho que quando uma pessoa chegar num reality, ela deve ser genuína. Faz de uma forma única, não precisa ser nada extraordinário. Eu não fiz nada demais – além de ser eu e trazer a minha história. Acredito que é possível que tenham pessoas ainda maiores que Juliette, que o fenômeno Juliette em relação a Big Brother – eu quero assistir isso.
Mas eu também daria um conselho às pessoas: não esperem por um milagre – porque eu considero Big Brother quase um milagre. Se preparem para a vida, porque as oportunidades chegam. Se não tivesse acontecido Big Brother na minha vida, eu seria uma campeã da mesma forma. Não teria ganhado um reality, mas teria sido o que eu quisesse. Eu queria ser defensora, delegada. Teria continuado estudando e prestaria concurso. Tenho certeza absoluta disso, porque construí uma trajetória independente de um milagre.
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