Uma alimentação baseada em comidas tradicionais brasileiras, como arroz e feijão, continua sendo uma das estratégias mais eficazes para manter a saúde e o peso equilibrado.
É o que apontam pesquisadores da Fiocruz, da Universidade de São Paulo (USP) e de universidades federais de Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e Rio Grande do Sul, que divulgaram um boletim especial com os resultados mais recentes do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa-Brasil).
Publicado em 16 de outubro, o levantamento reuniu dados de mais de 15 mil participantes e analisou como os hábitos alimentares se refletem na prevenção de doenças crônicas.
As conclusões destacam os benefícios da alimentação tradicional e os prejuízos do consumo excessivo de sal, bebidas alcoólicas e produtos ultraprocessados.
Arroz e feijão como aliados da saúde
Segundo o boletim, seguir um padrão alimentar típico do Brasil — com arroz, feijão e alimentos frescos, como frutas, verduras, castanhas e peixes — está relacionado à redução de peso e da gordura corporal ao longo do tempo.
Já o consumo de sal segue muito acima do ideal. A média encontrada foi de 11 gramas por dia, mais que o dobro do limite recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Homens consomem cerca de 38% mais sal do que mulheres, o que mostra diferenças importantes entre os grupos.
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Os pesquisadores também alertam que a dieta moderna, marcada pela presença de produtos ultraprocessados, está diretamente ligada ao aumento de doenças.
Entre os participantes, quem consumia diariamente um copo médio de refrigerante tinha até 23% mais risco de desenvolver hipertensão, diabetes e síndrome metabólica.
Ultraprocessados aumentam risco de morte e depressão
Os efeitos negativos dos ultraprocessados, como refrigerantes, sucos industrializados, biscoitos, embutidos e salgadinhos, foram consistentes em todas as análises.
Pessoas que aumentaram em 10% o consumo diário desses produtos tiveram risco 10% maior de morrer por qualquer causa e 11% maior de morrer por doenças crônicas.
Além disso, o estudo encontrou relação entre o consumo elevado desses alimentos e o aumento de casos de depressão.
Esses alimentos prejudicam a saúde por conter ingredientes danosos, como corantes, conservantes e aromatizantes
Por outro lado, o café e os laticínios mostraram efeito protetor. Beber de duas a três xícaras pequenas de café por dia esteve associado a menor risco de diabetes e hipertensão, além de melhor desempenho cognitivo em pessoas com mais de 65 anos.
Os laticínios, principalmente os desnatados, estiveram ligados a menor pressão arterial e melhor saúde cardiovascular. Quem consumia mais desses produtos teve até 64% menos risco de morrer por doenças do coração.
Álcool e excesso de sal seguem como desafios
Metade dos participantes relatou consumir bebidas alcoólicas regularmente. A cerveja foi a mais comum, seguida de destilados entre os homens e vinho entre as mulheres.
O consumo excessivo de álcool elevou o risco de hipertensão, obesidade abdominal e triglicerídeos altos, efeitos que se mostraram mais fortes nos homens.
Para os pesquisadores, os resultados reforçam a necessidade de políticas públicas que incentivem padrões alimentares saudáveis e reduzam o consumo de produtos ultraprocessados, sal e álcool.
As descobertas também trazem orientações diretas para o dia a dia: dar preferência a alimentos frescos, valorizar o café e os laticínios com moderação e manter o tradicional prato de arroz e feijão no centro da alimentação.
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