A trajetória de Bruno Serra no mercado financeiro teve início em 2002, quando ingressou na área de gestão de recursos do Bank Boston. Com a aquisição da operação pelo Itaú (ITUB4), em 2006, ele passou a integrar a tesouraria do banco — um dos centros mais dinâmicos do mercado à época. “Naquele momento, estar na tesouraria era o centro da ação. Era onde tudo acontecia”, recorda.
Após quase duas décadas de experiência no setor financeiro, Serra foi convidado por Roberto Campos Neto e Paulo Guedes para integrar a diretoria do Banco Central, onde permaneceu até o fim de 2018.
“Foi uma experiência incrível. Aprendi muito convivendo em Brasília e com o pessoal do Ministério da Fazenda. Foi um período que me marcou profundamente”, afirmou em entrevista a Lucas Collazo, no programa Stock Pickers.

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Da convivência com Paulo Guedes à volta ao mercado
Bruno relembra que seu contato com Paulo Guedes começou ainda nos tempos de faculdade, quando o economista lecionava no Ibmec. “A primeira vez que ele influenciou minha vida foi quando convenceu minha mãe a me colocar no Ibmec. A segunda foi a convivência no governo”, contou.
Durante sua passagem pelo Banco Central, Serra diz ter aprendido sobre a importância da credibilidade institucional e da comunicação transparente.
“O Banco Central precisa fazer um diagnóstico preciso de oferta e demanda e ajustar a taxa de juros com um discurso coerente. É um processo que exige estabilidade e consistência”
Encerrado o ciclo em Brasília, ele retornou ao mercado privado para liderar o projeto Multi Mesas da Itaú Asset, que completou recentemente dois anos.
Nesse período, o fundo Janeiro — que leva o nome da capital fluminense, onde a equipe é sediada — entregou um retorno anualizado de CDI +4,5%, superando o IHFA, principal índice de multimercados do país.
Nova fase na Itaú Asset
De volta ao mercado, Serra afirma que reassumir o papel de gestor foi um movimento natural. “Desde que entendi o que era o Banco Central, quis trabalhar lá. Mas nunca tive dúvida de que o que realmente gosto de fazer é ser gestor”, comentou.
Ele brinca que “a última coisa que olha antes de dormir e a primeira ao acordar” é a tela de preços dos ativos.
O Itaú o convidou para estruturar o fundo Janeiro dentro do modelo do Itaú Global Dinâmico, uma plataforma que reúne diferentes gestores e estratégias sob o mesmo guarda-chuva.
“Na primeira semana, já tínhamos nove bilhões sob gestão. Depois, levantamos o Janeiro, que rapidamente ganhou tração e hoje é uma franquia de sucesso”, destacou.
Inspirado em estruturas internacionais, o projeto busca replicar no Brasil o conceito de multimanager, em que diferentes estilos de gestão coexistem e se complementam.
“É um modelo que deu muito certo. Os resultados falam por si”
Disciplina, escrita e performance
Hoje com mais de R$ 20 bilhões sob gestão e todos os fundos da equipe entregando performance positiva, Serra atribui parte do sucesso à disciplina intelectual do time.
“Sempre acreditei que colocar as coisas no papel organiza a cabeça. Escrever as teses de investimento faz o time pensar melhor”, disse.
Ele faz questão de que todos os integrantes da equipe documentem cenários e estratégias antes de executar operações.
“Dar aula, escrever ou explicar algo faz você aprender mais. Essa prática melhorou nosso processo de decisão e aumentou o valor que entregamos”, acrescentou.
Ao completar dois anos, o fundo Itaú Janeiro mantém performance acima do CDI e todas as verticais operando com resultados consistentes.
“Não foi sorte, nem um grande call que deu certo. Foi uma construção. Estamos bem preparados para seguir performando — e é isso que quero continuar fazendo na vida”