
Acordo Israel-Hamas: o que acontece após a libertação dos últimos reféns? Entenda
Acordo também prevê um grande influxo de ajuda à Faixa de Gaza, que tem sido assolada por uma grave crise humanitária

FOTOS: Lágrimas e celebração marcam troca de reféns entre Israel e Hamas
Acordo mediado pelos EUA levou à libertação de 20 reféns israelenses e o início da soltura de quase 2 mil prisioneiros palestinos; Trump celebrou “o fim de uma era de terror e morte”
Nesta segunda-feira, o Hamas enviou membros de sua ala militar, as Brigadas Qassam, para libertar os últimos reféns vivos capturados de Israel há dois anos. Esse foi um lembrete de um dos maiores desafios enfrentados pelo presidente dos EUA, Donald Trump, no esforço para garantir um acordo duradouro para Gaza, já que os EUA, Israel e muitas outras nações exigem que o Hamas se desarme.
Imagens da Reuters mostraram dezenas de combatentes do Hamas enfileirados em um hospital no sul de Gaza, um deles usando um adesivo no ombro que o identificava como membro da “Unidade Sombra” de elite, que, segundo fontes do Hamas, tem a tarefa de proteger os reféns.
Uma das fontes de Gaza, um oficial de segurança, disse que, desde o cessar-fogo, as forças do Hamas mataram 32 membros de “uma gangue afiliada a uma família na Cidade de Gaza”, enquanto seis de seus membros também foram mortos.
Mais tarde, nesta segunda-feira, um vídeo que circulou nas redes sociais parecia mostrar vários homens armados e mascarados, alguns usando bandanas verdes semelhantes às usadas pelo Hamas, atirando com metralhadoras em pelo menos sete homens depois de forçá-los a se ajoelhar na rua. As publicações identificaram o vídeo como tendo sido filmado em Gaza nesta segunda-feira. Os espectadores civis aclamaram “Allah Akbar” (Deus é Grande) e chamaram os mortos de “colaboradores”.
A Reuters não conseguiu verificar imediatamente os eventos do vídeo, sua data ou local. Não houve resposta imediata do Hamas.
No mês passado, autoridades lideradas pelo Hamas disseram que executaram três homens acusados de colaborar com Israel. O vídeo do assassinato público foi compartilhado nas redes sociais.
Papel temporário de policiamento?
O plano de Trump prevê a saída do Hamas do poder em uma Gaza desmilitarizada, administrada por um comitê palestino sob supervisão internacional. Ele propõe o envio de uma missão internacional de estabilização que treinará e apoiará uma força policial palestina.
Mas Trump, falando a caminho do Oriente Médio, sugeriu que o Hamas teria recebido um sinal verde temporário para policiar Gaza.
“Eles realmente querem acabar com os problemas e têm sido abertos quanto a isso, e nós lhes demos aprovação por um período de tempo”, disse ele, respondendo a uma pergunta sobre relatos de que o Hamas estava atirando em rivais e se instituindo como uma força policial.
Após o cessar-fogo, Ismail Al-Thawabta, chefe do escritório de mídia do governo do Hamas em Gaza, disse à Reuters que o grupo não permitiria um vácuo de segurança e manteria a segurança pública e a propriedade.
O Hamas descartou qualquer discussão sobre seu arsenal, afirmando que estaria pronto para entregar suas armas a um futuro Estado palestino. O grupo disse que não pretende ter papel no futuro órgão de governo de Gaza, mas que isso deve ser decidido pelos palestinos, sem controle estrangeiro.
Conflito interno com clãs
À medida que a guerra se arrastava, um Hamas enfraquecido enfrentava desafios internos crescentes ao seu controle de Gaza por parte de grupos com os quais há muito tempo estava em desacordo, geralmente afiliados a clãs.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse anteriormente que Israel estava armando clãs que se opõem ao Hamas, sem identificá-los.
Na Cidade de Gaza, o Hamas tem lutado principalmente contra o clã Doghmosh, segundo moradores e fontes do Hamas.
O oficial de segurança não identificou a “gangue” alvo na Cidade de Gaza, nem disse se havia suspeita de apoio de Israel.
O líder mais proeminente do clã anti-Hamas é Yasser Abu Shabab, baseado na área de Rafah — uma região da qual Israel ainda não se retirou.
Oferecendo salários atraentes, seu grupo recrutou centenas de combatentes, disse uma fonte próxima a Abu Shabab à Reuters anteriormente. O Hamas o chama de colaborador de Israel, o que ele nega.
O oficial de segurança de Gaza disse que, separadamente dos confrontos na Cidade de Gaza, as forças de segurança do Hamas mataram o “braço direito” de Abu Shabab e que esforços estão sendo feitos para matar o próprio Abu Shabab.
Abu Shabab não respondeu imediatamente às perguntas sobre os comentários do oficial. A Reuters não pôde verificar a alegação de que seu assessor havia sido morto.
Hussam al-Astal, outro líder anti-Hamas baseado em Khan Younis, em áreas controladas por Israel, zombou do grupo em uma mensagem de vídeo no domingo, dizendo que, uma vez que o grupo entregasse os reféns, seu papel e domínio em Gaza acabariam.
A analista palestina Reham Owda afirmou que as ações do Hamas visam deter grupos que colaboraram com Israel e contribuíram para a insegurança durante a guerra. O Hamas também pretende mostrar que seus oficiais de segurança devem fazer parte de um novo governo, embora isso seja rejeitado por Israel, disse ela.
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