O criminoso Marcos Roberto de Almeida, conhecido como Tuta, da facção Primeiro Comando da Capital (PCC), foi transferido do sistema penitenciário federal em Brasília para a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau — unidade de segurança máxima no interior paulista. A mudança ocorre após uma decisão judicial que autorizou a transferência para São Paulo, onde já responde por condenações por envolvimento com o tráfico de drogas e organização criminosa.
Ele é apontado como uma das principais lideranças do PCC, chegando a ser o principal representante de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, na gestão da organização criminosa fora das grades.
A Secretaria da Administração Penitenciária de São Paulo (SAP) confirmou ao Metrópoles, nesta segunda-feira (20/10), a transferência de Tuta para o interior paulista, movimento alinhado aos pedidos do Ministério Público estadual (MPSP) e às determinações judiciais, as quais apontam a necessidade de mantê-lo em estabelecimento com regime de segurança máxima, compatível com o perfil de liderança que lhe é atribuído.
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Desembarque de Tuta, chefão do PCC preso na Bolívia, em Brasília.
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Tuta fazia voos em jatinhos
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Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, Já foi considerado número 1 do PCC nas ruas
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Tuta ocupou o posto de principal líder do PCC nas ruas entre 2020 e 2022, quando foi expulso da facção
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Investigadores acreditam que Tuta possa ter sido morto após PCC identificar desvio de dinheiro
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Tuta é oficialmente considerado foragido
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Tuta trabalhou como adido entre 2018 e 2019, com salário de R$ 10 mil
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Segurança do sistema prisional
A transferência ocorre meses depois da chegada de Tuta ao Brasil, quando foi encaminhado à Penitenciária Federal de Brasília, após captura na Bolívia, de onde foi entregue às autoridades brasileiras. A operação envolveu a Polícia Federal.
Autoridades justificaram a mudança do sistema federal para o estadual com base nas condenações e nos processos que correm em tribunais de São Paulo, além da avaliação sobre o risco que sua permanência em outra unidade, sem ser de segurança máxima, representaria para as investigações e para a segurança do sistema prisional paulista.
O Metrópoles já mostrou um capítulo da história de Tuta. Durante investigações anteriores, membros do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do MPSP, chegaram a acreditar que o criminoso havia sido executado pelo chamado “tribunal do crime”, informação que, como apurado pela reportagem na ocasião, partiu de sinais e boatos internos da organização e de comunicações interceptadas.
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Confundindo autoridades
Contudo, a suspeita mostrou-se equivocada quando Tuta foi localizado e preso na Bolívia, o que levou investigadores e promotores a revisarem hipóteses sobre os mecanismos de desinformação usados pela facção para proteger líderes e confundir as autoridades.
Foi ainda apurado que a estratégia de plantar a versão sobre a morte do chefão teria servido para afastar atenções das rotas de comando, além dos pagamentos que mantinham os negócios da facção ativos, mesmo com o líder supostamente morto.
O Promotor de justiça Lincoln Gakiya, principal investigador do PCC dentro do MPSP, explicou que a hipótese da morte de fato circulou extraoficialmente entre investigadores, mas foi derrubada com a prisão e a identificação definitiva de Tuta, fato que reabriu linhas de investigação sobre esquemas financeiros, células no exterior — com destaque para a Bolívia — e a sofisticação das operações de ocultação de lideranças da facção.