A menopausa é um período natural na vida de toda mulher, mas ainda é cercada de tabus. Seja por conta do senso comum ou por não discutir abertamente sobre o tema, muitas dúvidas surgem nesse momento. Por isso, para esclarecer tudo sobre o fim da fase reprodutiva e como passar por esse ciclo de forma saudável, conversamos com a Dra. Fabiana Geiss Terra, que respondeu as perguntas mais frequentes sobre o tema.

tudo sobre a menopausa
O que é a menopausa e em que idade ela costuma acontecer?
Dra. Fabiana Geiss Terra: A menopausa é o fim da fase reprodutiva da mulher — ocorre quando o ovário encerra sua função hormonal e não há mais menstruação por 12 meses consecutivos. A média de idade é por volta dos 50 anos, mas o corpo começa a dar sinais antes disso, no período chamado climatério.
É verdade que a menopausa só começa quando a menstruação para de vez?
Dra. Fabiana Geiss Terra: Sim. O termo menopausa é usado somente para quando a mulher tem ausência de menstruação por 12 meses consecutivos
Existe diferença entre climatério e menopausa?
Dra. Fabiana Geiss Terra: Sim. A menopausa é o ponto final do ciclo reprodutivo e faz parte do climatério. O climatério é a fase de transição natural entre a vida fértil e o fim dos ciclos menstruais. Ele começa antes da menopausa com o declínio hormonal por volta dos 40 anos e se estende até aproximadamente 65 anos. Ou seja, climatério é um período longo que dura anos, englobando a pré-menopausa, menopausa e pós-menopausa.
Quais são os sintomas da menopausa?
Dra. Fabiana Geiss Terra: Por causa do declínio hormonal, alguns sintomas comuns são:
- Calorões
- Irritabilidade
- Depressão
- Insônia
- Ganho de peso
- Fadiga
- Ressecamento vaginal
- Raciocínio lento
- Perda de memória
- Queda da libido
- Dores articulares, entre outros.
São inúmeros estudos mostrando os mais variados sintomas relacionados à queda hormonal da menopausa.
A menopausa engorda ou a mudança no metabolismo é um mito?
Dra. Fabiana Geiss Terra: O metabolismo realmente desacelera, e há redistribuição de gordura corporal, principalmente abdominal, além da perda de massa magra (osso e músculo).
A pele e o cabelo realmente mudam na menopausa?
Dra. Fabiana Geiss Terra: Sim, e isso tem base hormonal. O estrogênio está intimamente ligado à produção de colágeno, hidratação e brilho da pele e dos cabelos. Quando ele cai, surgem ressecamento, perda de elasticidade e fios mais finos.
É verdade que a libido diminui nessa fase?
Dra. Fabiana Geiss Terra: Pode acontecer, sim — mas não é regra. A queda do estrogênio e da testosterona interfere no desejo sexual, mas o contexto emocional, a autoestima e o relacionamento também têm grande impacto.
Toda mulher precisa fazer reposição hormonal?
Dra. Fabiana Geiss Terra: Não. Cada caso deve ser avaliado individualmente. A reposição não é “moda”, é medicina baseada em evidências científicas. Quando bem indicada e acompanhada, traz benefícios cardiovasculares, cognitivos, ósseos e até na longevidade. Mas para algumas mulheres, outras abordagens podem ser mais adequadas.
Reposição hormonal causa câncer de mama ou isso é mito?
Dra. Fabiana Geiss Terra: O maior risco hoje para o câncer de mama é a obesidade, já que o excesso de peso pode aumentar em até 10 vezes a chance de câncer. O risco relativo, que é a chance que você pode ter de desenvolver uma condição, aumenta com a reposição hormonal, mas aumenta muito pouco. De cada 100 mulheres que estão na menopausa sem fazer reposição hormonal, duas podem ter câncer. E de cada 100 mulheres que estão na menopausa fazendo reposição hormonal, três podem ter câncer.
A doença que mais mata hoje a mulher na menopausa é a doença cardiovascular. Se você não tem estrogênio no seu corpo, você não tem a capacidade do seu vaso de se adaptar e aumenta a chance de ter infarto, AVC e trombose. O declínio hormonal aumenta o acúmulo de gordura e o risco cardiovascular. Então, temos que pôr na balança os riscos e benefícios de uma terapia de reposição hormonal.
Existem alternativas naturais seguras para aliviar os sintomas?
Dra. Fabiana Geiss Terra: Sim, principalmente para quem tem contraindicação ou para quem opta por não realizar terapia hormonal. Fitoterápicos, nutrição funcional e suplementação adequada podem ajudar muito, especialmente em casos leves. Mas é essencial lembrar que o “natural” também tem efeitos biológicos — e deve ser orientado por um profissional. O ideal é combinar ciência e natureza, sem radicalismos.
Exercícios físicos e alimentação podem realmente ajudar a reduzir os efeitos da menopausa?
Dra. Fabiana Geiss Terra: Sem dúvida. Atividade física regular melhora o humor, protege o coração, aumenta a massa magra e estimula neurotransmissores ligados à felicidade. Já uma alimentação equilibrada principalmente com proteínas, gorduras boas e antioxidantes é essencial para o metabolismo e o bem-estar feminino.
A mulher perde a feminilidade ou deixa de ser sexualmente ativa após a menopausa?
Dra. Fabiana Geiss Terra: De forma alguma. Esse é um estigma que precisa ser superado. A mulher não perde sua essência, apenas muda de fase. Com o corpo em equilíbrio, ela pode viver uma sexualidade plena, com mais autoconfiança e liberdade emocional.
Existe diferença entre como a menopausa é encarada na medicina e no senso comum?
Dra. Fabiana Geiss Terra: Sim, e essa diferença é enorme. Na medicina moderna, falamos em longevidade com vitalidade. No senso comum, ainda há o tabu da “mulher que envelhece e perde o brilho”. É justamente aí que entra a informação — mostrar que envelhecer bem é possível, e que a menopausa pode ser vivida com saúde, beleza e propósito.
Como a mulher pode se preparar antes da menopausa?
Dra. Fabiana Geiss Terra: O ideal é iniciar esse cuidado antes dos sintomas aparecerem. Check-ups regulares, acompanhamento nutricional e estilo de vida ativo são o verdadeiro segredo para atravessar essa fase com serenidade e saúde. A menopausa não deve surpreender — deve ser planejada.
Quais exames são indispensáveis durante e após a menopausa?
Dra. Fabiana Geiss Terra: Os principais são: exames laboratoriais como hormonais, perfil lipídico, glicemia, função tireoidiana e muitos outros; exames de imagem como densitometria óssea, mamografia, ultrassonografia transvaginal e mamária, papanicolau; exames cardiovasculares e outros conforme o estado de saúde da mulher.