No Brasil, o professor chama a atenção para a necessidade de voltar mais recursos para a inovação e a pesquisa, mirando o crescimento econômico.
A Real Academia Sueca de Ciências anunciou nesta segunda-feira os vencedores do Prêmio Sveriges Riksbank de Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel de 2025. Os pesquisadores Joel Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt foram premiados “por terem explicado o crescimento econômico impulsionado pela inovação”, segundo o comitê.
Na visão do professor da FGV, a teoria premiada foi merecedora do Nobel, já que nomeia e expõe a criação destrutiva, um fenômeno importante para entender a economia mundial atual.
— A partir das pesquisas, os empresários criam produtos novos, ou métodos novos, que tornam os antigos obsoletos. Então destrói uma indústria que tinha anteriormente e substitui por uma coisa melhor que a anterior, que é mais produtiva, mais moderna, ou então um produto que não tinha anteriormente. E isso daí pode causar várias consequências, é uma criação, mas é destrutivo, que destrói alguma coisa que tinha antes — diz o Araujo, explicando a teoria.
Segundo ele, esse é um processo que sempre existiu na história da humanidade, mas que foi muito acelerado nos últimos dois séculos, sobretudo após a Revolução Industrial, impulsionando um crescimento econômico global bem mais acelerado. E, na medida em que entendemos esse processo e suas consequências, diz o professor, reconhecemos a importância de debater sobre e criar regulações.
— Vão haver perdedores, trabalhadores que vão precisar ser realocados, vão perder empregos. E também essas novidades das empresas de tecnologia tem que ser reguladas. Porque é uma coisa que não tinha antes e não tinha regulação, então temos que considerar o novo ambiente que a inteligência artificial e que as redes sociais introduziram. Por isso eu acho que (o prêmio) foi muito merecido, porque na medida que a gente entende esse processo, a gente leva isso em conta.
A pesquisa também é importante para entender porque os EUA e a China vem saindo na frente, enquanto países europeus e latino-americanos vem ficando para trás, e ajuda a explicar um dos fatores que impede um maior crescimento econômico no Brasil. Araujo explica que não há um grande investimento em inovação e pesquisa científica no país, salvo em alguns casos, como a área do agronegócio.
— Essa pesquisa demostra que a inovação se transforma em crescimento econômico, e isso precisa ser mais aproveitado no Brasil. Nós sempre tivemos muito poucos recursos para a pesquisa aqui. Infelizmente, nunca foi suficiente, mas deu bons frutos, então seria bom ter mais.
O professor também destaca que a pesquisa veio em bom momento, diante de tensões globais acirradas com o tarifaço imposto pelo presidente dos EUA Donald Trump.
— Essas tarifas são ruins porque as pessoas vão fazer menos pesquisa, o que pode prejudicar o crescimento econômico de países de todo o mundo. O comércio exterior permitiu que a inovação começasse a ser passada de um país pro outro, as ideias se divulgam através de produtos, da compra de patentes. E as tarifas prejudicam isso, além de menos recursos para a pesquisa, que é o que está ocorrendo nos Estados Unidos.
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