O 4MOST, uma instalação espectroscópica conectada ao telescópio do Observatório Europeu VISTA, no Chile, entregou esta semana suas primeiras análises, o que supõe o início de um amplo mapeamento das grandes regiões do céu, anunciou, nesta terça-feira (21), o Centro Nacional francês para a Pesquisa Científica (CNRS).
VISTA, o maior telescópio do mundo com seu espelho de 4,1 metros de diâmetro, captou, no sábado (18), uma luz que foi imediatamente registrada em espectros pelo 4MOST, um instrumento desenvolvido em grande parte por equipes do CNRS e cientistas de universidades de Lyon.
“Colocamos o 4MOST no telescópio VISTA, conectando-o através de 2.400 fibras que nos permitem analisar ao mesmo tempo 2.400 objetos diferentes, ou seja, estrelas e galáxias”, explicou Florence Laurent, engenheira de pesquisa do CNRS, à AFP.
“Quando captamos a luz, fazemos exposições de 20 minutos, para que os elementos sejam suficientemente luminosos para poder registrá-los, e depois traduzimos a luz em um espectro para poder conhecer a composição química dos elementos, sua velocidade, sua temperatura, todas as características espectroscópicas destas estrelas ou galáxias”, acrescentou.
Cada ponto luminoso detectado é imediatamente decomposto e transcrito em uma faixa de cores, cada uma correspondendo a uma informação.
A luz captada em 18 de outubro permitiu observar a galáxia do Escultor (NGC253), o aglomerado globular NGC288, com mais de 13 bilhões de anos de idade no momento do nascimento da Via Láctea, e mais de 2 mil fontes adicionais, entre as quais algumas estrelas de nossa galáxia “cuja temperatura, massa, diâmetro, velocidade, idade e composição química agora conhecemos”, afirmou o CNRS em um comunicado.
“O 4MOST realizou simultaneamente os espectros de mais de 100 galáxias, situadas a uma distância de até 10 bilhões de anos-luz, para avaliar sua distância, seu movimento, sua evolução e seus buracos negros centrais”, acrescentou.
O projeto, no qual os pesquisadores franceses tiveram um papel fundamental no desenvolvimento, foi iniciado em 2010.
A missão do 4MOST está prevista para os próximos 15 anos, durante os quais, todas as noites, o VISTA fornecerá continuamente material para alimentar seus espectrógrafos.
“Multiplicará por dez a nossa capacidade de mapear grandes regiões do céu. A quantidade de medições físicas que obteremos sobre objetos tão distantes é realmente impressionante!”, comemorou Johan Richard, astrônomo e pesquisador da Universidade Claude Bernard Lyon I.
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