Jeans skinny, vestido bandage, sapato com meia-pata, bolsas maxi, meia-calça colorida, jaquetas de inspiração militar, peplum, colorblocking. Poderia ser uma lista dos elementos da moda anos 2010, mas é um resumo de itens que surgiram nas passarelas do verão 2026 e que igualmente vêm pipocando no feed.
Tive muitos pensamentos sobre a estreia de Jonathan Anderson no feminino da Dior, mas um dos mais gritantes foi o que me ocorreu ao me deparar com os looks de minissaia jeans que me jogavam insistentemente de volta à década passada. Somada ao retorno do vestido bandage, a conclusão é inevitável, bem-vindos de volta, anos 2010.

tudo sobre a volta da moda anos 2010
Eventualmente tudo é revisitado, reciclado e relido. A diferença é que agora, em nossa realidade digital, a memória visual é coletiva e rápida, acelerando o revival de tendências recentes. Muito do que hoje causa arrepios já foi mainstream e essa resistência faz parte do processo, principalmente em quem viveu a primeira vez.
Relembrando o contexto: Vindo de anos dominados por Y2K e boho, qual foi o caminho para esse cenário que juntava o indie sleaze com um certo maximalismo? A crise de 2008 foi o estopim para a mudança, despertando o desejo por um visual mais elaborado, com personalidade e bem body conscious. Já que, independentemente do estilo ser mais arrumadinho ou mais tumblr, a silhueta era justa. O movimento só foi interrompido pelo normcore, que surgiu por volta de 2014 e trazia um retorno ao básico, influência esportiva e a ascensão da moda genderless, que evoluiu na predileção por caimentos oversized e na consolidação do loungewear e do athleisure na pandemia.
Seguindo o ciclo, em 2025, os olhares se voltam para o início da década passada: o momento caótico atual pede a volta de alguma estrutura, mas também inspira subversão, além de evocar nostalgia. Em períodos complicados, o olhar para o passado é reconfortante, lembrando dias “melhores” (em retrospecto, é fácil romantizar o que já foi). O excesso dos anos 80 — imponente, mas que também carregava alegria — aliado à influência de subculturas, traz um espírito de rebeldia com uma dose de decadência. Receita perfeita para encarar (ou escapar) da realidade.
Porém, é importante lembrar que o que volta não são interpretações literais, mas sim renovadas e recontextualizadas. Entre itens polêmicos e símbolos sinônimos dos anos 2010, alguns exemplos vêm roubando a cena com mais convicção — e a seguir a gente analisa os principais.
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Nada mais emblemático que o jeans skinny, representante mor do período que vem ensaiando um comeback há certo tempo, e se consolida tantos nas passarelas, quanto nas ruas.

O combo jeans skinny, gola v e óculos maxi era quase um uniforme e anda aparecendo novamente, finalizado com plataforma altíssima ou com sapatilha.
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Ainda no tema jeans, outros itens queridinhos igualmente pedem passagem: os shorts. Bônus para o modelo combinado com bota-galocha que remete aos looks de festival que foram febre nos idos de 2010.
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E a saia, usada de maneira mais casual ou em clima hi-lo, tipo Jenna Ortega que usou a sua com salto alto e colete de inspiração militar.
Aliás, as jaquetas e coletes napoleônicos, hits do período, foram onipresentes nas coleções Verão 2026 de nomes como Dior, McQueen e Louis Vuitton.

Do visual indie sleaze, os casacos de pelúcia usados com comprimento mini e meia-calça também confirmam a influência. Além da jaqueta de couro ajustada, que era indispensável na época e volta com tudo.

O caos visual, misturando várias referências ao mesmo tempo, é um dos marcos da época, e não dá para falar nos anos 2010 sem mencionar o color blocking, uma das formas favoritas de expressão. Nessa temporada, a Versace apostou com tudo no choque de cores, assim como a Fendi, a Prada e a Tom Ford.

O mix não parava nas cores, mesclar estampas era truque de styling queridinho também. E se floral com xadrez era o eleito lá atrás, poá e oncinha correm na frente atualmente.

O fenômeno do retorno do vestido bandage é mais uma evidência inegável. De Hailey Bieber a Kaia Gerber, a peça se tornou novamente objeto de desejo.

A moda anda flertando com as formas esculturais dos anos 50 e 80, traduzido frequentemente em peplums. E adivinhem só: O shape teve revival nos anos 2010 — afinal, o corpo era o foco central, e, se a peça não era colada, ela trazia certa estrutura.
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O sex appeal aparecia nos detalhes, com decotes laterais e looks com lingerie exposta, mostrando pele de forma menos óbvia. O mesmo estilo é aposta no Verão 2026.

Os acessórios eram parte fundamental e iam desde os imprescindíveis do visual indie sleaze/tumblrcore. Todos estão em alta atualmente, como o icônico lenço de caveira McQueen e o clássico Rayban Wayfarer.

Os colares maxi, item obrigatório de 2011, ressurgem com força. Assim como as bolsas maxi, que eram hit, e a Celine acaba de resgatar o modelo Luggage, criado por Phoebe Philo na década.

Como falamos, enfatizar as curvas era imprescindível, por isso os cintos eram onipresentes. Desde a temporada passada, eles se encontram no centro das atenções. Dos largos, usados na altura da cintura, aos modelos com tachas e ilhós, mais rocker.

Gossip Girl vivia o auge e os looks de Blair Waldorf, Serena Van Der Woodsen e Jenny Humphrey (para os fãs da vibe rocker) sempre contavam com meia-calça colorida ou rendada, tendência que vem fortíssima, com os modelos logo abaixo do joelho, mais college, e as meias de renda e coloridas. Aparentemente, se cabia num look do Polyvore em 2012, cabe em 2025.

Nos pés, o espírito maximal também imperava. Plataformas com meia-pata, das sandálias aos clogs com salto de madeira eram prediletos e modelos similares surgiram nos desfiles do Fashion Month que acabou de rolar.

Botas mais pesadas, dos coturnos aos modelos de montaria, também marcas-registradas dos 2010, voltam a marcar presença, inclusive as opções over the knee.

Fica claro que dos pés à cabeça, muito do que bombou nos anos 2010 está invadindo 2025. E se tem um monte de millennials sofrendo flashbacks de batom Snob (que, vejam só, também voltou), a geração Z usa pela primeira vez vários dos elementos emprestando um olhar completamente novo ao que já foi. Nessas lentes, o que era feio vira cult. O que era básico vira referência. E a roleta segue girando até o próximo revival.