Perdas globais de US$ 203 bi reforçam impacto das mudanças climáticas e deixam América do Sul ainda mais vulnerável economicamente.
As mudanças climáticas e eventos naturais extremos causaram um prejuízo global de US$ 203 bilhões até setembro deste ano, impactando países de diferentes continentes e pressionando a economia mundial.
O relatório Global Catastrophe Recap: Third Quarter of 2025, elaborado pela Aon, revela que terremotos, ondas de calor e secas severas registradas em 2025 atingiram populações, infraestrutura e cadeias produtivas.
O levantamento ainda aponta que regiões como a América do Sul permanecem altamente vulneráveis devido à baixa cobertura de seguros, intensificando os danos econômicos e sociais.
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A análise mostra que 36 eventos naturais superaram US$ 1 bilhão em perdas econômicas, evidenciando o peso crescente das mudanças climáticas nos sistemas produtivos.
Além disso, 22 desses episódios tiveram mais de US$ 1 bilhão em perdas seguradas, demonstrando disparidades na proteção financeira entre países desenvolvidos e emergentes.
Seguros cobrem apenas parte do prejuízo causado por eventos climáticos
Apesar do impacto global expressivo, apenas parte do prejuízo foi absorvida pelo setor segurador.
Segundo o estudo, houve uma lacuna global de proteção de seguros de 44%, a menor já registrada para o período entre janeiro e setembro desde o início da série histórica.
Isso ocorreu devido ao alto nível de cobertura nos Estados Unidos, onde 88% das perdas foram seguradas, aliviando os efeitos na economia.
Mesmo assim, os prejuízos continuam preocupantes. Apenas no terceiro trimestre, as perdas econômicas foram de US$ 34 bilhões, enquanto a cobertura de seguros alcançou apenas US$ 12 bilhões, o menor volume desde 2006.
Esse cenário reforça a necessidade de planejamento e políticas de adaptação para mitigar impactos econômicos futuros ligados às mudanças climáticas.
A América do Sul registrou perdas econômicas de cerca de US$ 6,7 bilhões nos primeiros nove meses do ano devido a fenômenos climáticos extremos, como secas prolongadas, tempestades severas, incêndios florestais e enchentes.
Países como Brasil, Paraguai, Bolívia, Chile, Peru e Argentina enfrentaram danos extensos em infraestrutura, agricultura e abastecimento de água, refletindo os efeitos diretos das mudanças climáticas na região.
O Brasil lidera as perdas, com destaque para a estiagem histórica que afetou reservatórios e o agronegócio, causando prejuízo estimado em US$ 4,8 bilhões.
No entanto, apenas 10% desse valor estava segurado, escancarando uma lacuna de proteção preocupante que compromete a economia e impacta pequenos produtores rurais, comunidades tradicionais e famílias de baixa renda.
“Os resultados reforçam a urgência de ampliar a cultura de gestão de riscos climáticos no Brasil. Enfrentamos perdas bilionárias associadas à seca e eventos extremos recorrentes, com cobertura ainda muito limitada. Investir em dados e modelagem catastrófica é essencial para reduzir o impacto econômico e social desses desastres”, afirma Beatriz Protásio, CEO de Resseguros para o Brasil na Aon.
Economia sul-americana exige maior resiliência climática
Além dos danos imediatos, o relatório destaca o desafio estrutural enfrentado pelos países da América do Sul, que, diante das mudanças climáticas, precisam fortalecer políticas de resiliência, ampliar o acesso a seguros agrícolas e adotar ferramentas modernas de modelagem de risco.
A ausência de proteção financeira deixa grande parte do prejuízo nas mãos de produtores, empresas e governos, pressionando orçamentos públicos e fragilizando comunidades vulneráveis.
Com eventos climáticos mais frequentes e intensos, especialistas reforçam que prevenção é mais eficiente e menos custosa do que reparar danos.
A experiência brasileira evidencia essa urgência: sem planejamento adequado, os prejuízos econômicos aumentam e o impacto social se agrava, especialmente em áreas rurais.

