Segundo uma matéria divulgada pelo site MegaWhat nesta segunda-feira, 3 de novembro de 2025, a Vallourec e a CBA anunciaram novos avanços em seus projetos de autoprodução de energia eólica, em parceria com a Casa dos Ventos, uma das maiores desenvolvedoras de projetos renováveis do país.
Parcerias fortalecem a autoprodução de energia eólica
A Vallourec celebrou um contrato de outorga com a Casa dos Ventos que prevê a opção de compra de ações do parque eólico Santa Clotilde, ainda em fase de desenvolvimento no Rio Grande do Norte. A operação está sob análise do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), responsável por aprovar transações desse tipo no setor energético.
A CBA (Companhia Brasileira de Alumínio), por sua vez, fechou acordos semelhantes com a Casa dos Ventos e a Auren Energia, em um investimento total de R$ 158 milhões, que já vinham sendo analisados há alguns meses, segundo informações do Infomoney.
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Esse formato de autoprodução de energia tem crescido no país, permitindo que grandes consumidores industriais se tornem sócios de empreendimentos de geração elétrica, reduzindo custos e garantindo previsibilidade no fornecimento.
Energia eólica como vetor de descarbonização industrial
Para a Vallourec, empresa que fabrica tubos de aço e soluções industriais, o investimento em energia eólica representa um passo importante dentro da estratégia de descarbonização e sustentabilidade. A companhia destacou que a autoprodução contribui para reduzir a exposição à volatilidade do mercado e reforça o compromisso com o desenvolvimento sustentável.
A CBA também enfatizou que o acordo é fundamental para atingir suas metas ambientais. A empresa busca reduzir em até 40% o indicador de CO₂e na média dos produtos fundidos, considerando a mineração até o refino do alumínio. A energia de fonte renovável é peça central para alcançar esse objetivo.
O uso de geração renovável não é apenas uma questão ambiental, mas também econômica, destaca a CBA. Ao reduzir custos de longo prazo e eliminar intermediários, a autoprodução se mostra um modelo financeiramente atrativo para o setor industrial.
Geração renovável e os benefícios econômicos para o setor industrial
A aposta em geração renovável vai além dos benefícios ambientais. Para indústrias eletrointensivas, como siderurgia e metalurgia, o custo da eletricidade representa parcela relevante das despesas operacionais. Assim, investir em autoprodução é também uma decisão estratégica para garantir competitividade.
De acordo com estimativas da EPE, a autoprodução local de energia já representa cerca de 11,6% do consumo nacional em 2025, com projeção de crescimento constante até 2035. Esse modelo permite que empresas prevejam melhor seus custos e adotem práticas sustentáveis sem comprometer margens financeiras.
No caso da CBA, a energia obtida dos parques eólicos vai abastecer diretamente sua planta em Alumínio (SP), garantindo previsibilidade de preços e fortalecendo sua posição no mercado de alumínio sustentável — um produto cada vez mais valorizado por grandes compradores internacionais.
Desafios da autoprodução e do crescimento da energia eólica no Brasil
Apesar dos avanços, o modelo de autoprodução ainda enfrenta desafios. A tramitação de contratos junto a órgãos reguladores, como a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o Cade, pode levar meses até a aprovação final. Além disso, a necessidade de infraestrutura de transmissão e integração à rede elétrica nacional ainda limita a expansão de novos projetos em algumas regiões.
Outro obstáculo está na disponibilidade de capital e financiamento. Embora a energia eólica tenha custo operacional baixo, a implantação inicial exige alto investimento.
Mesmo assim, o país mantém uma das matrizes elétricas mais limpas do mundo, com 93% da geração proveniente de fontes renováveis, entre hidráulica, eólica, solar e biomassa. Essa característica torna o Brasil uma referência global em energia limpa e competitiva.
Impactos para o mercado e o futuro da energia no Brasil
O avanço de parcerias como a de Vallourec, CBA e Casa dos Ventos indica um movimento mais amplo de transformação estrutural no mercado elétrico. A tendência é que cada vez mais empresas industriais optem pela autoprodução eólica como forma de garantir segurança energética e reduzir custos operacionais.
Esse modelo também ajuda o país a diversificar sua matriz e a reduzir a dependência de hidrelétricas, especialmente em períodos de estiagem. Além disso, contribui para o cumprimento das metas climáticas assumidas pelo Brasil no Acordo de Paris, reforçando o papel do país como protagonista em energia limpa.
Em 2024, a energia eólica representou cerca de 14,3% da geração elétrica no país, com tendência de crescimento acelerado. Estados como Rio Grande do Norte, Ceará e Bahia devem continuar liderando a expansão da energia gerada pela fonte eólica, atraindo novos investimentos e empregos no setor.
Energia eólica como estratégia de competitividade industrial
O movimento de Vallourec e CBA ilustra como a transição energética deixou de ser um tema restrito ao meio ambiental para se tornar um fator decisivo de competitividade industrial. Empresas que investem em geração renovável conquistam vantagens econômicas, reputacionais e operacionais no médio e longo prazo.
No contexto atual, em que o custo da energia e as exigências de sustentabilidade aumentam, adotar um modelo de autoprodução não é apenas uma escolha ambiental — é uma estratégia de negócios inteligente.
Parcerias como essa fortalecem a segurança energética nacional e mostram que o país caminha em direção a uma economia mais sustentável e competitiva, em linha com os padrões globais de descarbonização.

