A ascensão meteórica da China nas últimas décadas se tornou um dos maiores quebra-cabeças da economia moderna. Por muito tempo, a fórmula do sucesso parecia clara: adotar os princípios do capitalismo ocidental, baseados na liberdade dos mercados e na mínima intervenção do Estado. No entanto, ao observarmos de perto o modelo chinês, percebemos que a realidade é muito mais complexa e desafiadora para os dogmas ocidentais.
A verdade é que a China não apenas adaptou, mas reinventou as regras do jogo, criando um sistema que podemos chamar de “capitalismo condicionado pelo Estado”.
Nesse modelo, o governo não é um mero espectador. Pelo contrário, atua como um maestro estratégico, direcionando investimentos massivos para áreas consideradas cruciais para o futuro do país, como inteligência artificial, transição energética e, principalmente, a autossuficiência na produção de semicondutores. Enquanto empresas privadas florescem e competem, elas operam sob a orientação e, por vezes, o controle rigoroso do Partido Comunista, especialmente nos setores de tecnologia e dados.
A Ineficiência Estratégica do Ocidente
Enquanto a China executa planos de longo prazo com precisão cirúrgica, o Ocidente enfrenta dificuldades para responder aos mesmos desafios. A fragmentação regulatória, os ciclos eleitorais de curto prazo e a hesitação em intervir diretamente na economia criam um ambiente onde a coordenação estratégica se torna quase impossível. O resultado é uma perda de competitividade em setores que definirão o poder global no século XXI.
O sucesso chinês está forçando uma reflexão profunda nas capitais ocidentais. Movimentos recentes, como o governo dos EUA investindo diretamente em gigantes da tecnologia como a Intel para garantir a produção local de chips, são um sinal claro de que o velho manual do livre mercado já não é suficiente. Essa é uma admissão tácita de que, para competir com o dragão, talvez seja necessário adotar algumas de suas ferramentas.
Aprender, Não Apenas Criticar
Mais do que julgar o modelo chinês com base em ideologias, é fundamental compreendê-lo. A abordagem pragmática da China, que combina a agilidade do mercado com a direção firme do Estado, está gerando resultados inegáveis em inovação e crescimento.
Para profissionais e empresas que desejam se manter relevantes na nova economia global, ignorar a lição chinesa não é uma opção. Entender como a China pensa, planeja e executa é o primeiro passo para navegar em um mundo onde as antigas certezas econômicas estão se desfazendo. O futuro da economia global está sendo reescrito, e a China segura a caneta.